quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

A VIDA É MESMO ASSIM..., por tádzio nanan


A vida é mesmo assim, insuficiente. Limites, constrangimentos, restrições. Dia após dia, mais do mesmo. O silêncio acovardado. O óbvio acostumado. O exaustivo recorrente!

A vida é mesmo assim, ilógica. E quanto mais razão pomos nas coisas, quanto mais racionalizamos a vida, algo se perde no caminho, se evapora - talvez o próprio sentido das coisas, o próprio sentido da vida... - e apenas mais absurda, perigosa e insustentável ela fica!

A vida é mesmo assim, escassa. A glória, a plenitude são para escolhidos. Para o resto de nós o destino nada traz, nada oferece, a nada orienta. E de nada em nada, inútil e baldadamente, a vida passa!

A vida é mesmo assim, irrazoável. Sua teia tece tal complexa trama, que a vida que levamos nos parece dia a dia mais estranha, alienante, insuportável!

A vida é mesmo assim, incompleta. Mesmo que alguém lhe jure, não acredite: ninguém nunca entornou a taça da vida repleta!

A vida é mesmo assim, incoerente. Pegue o caso das nossas sociedades, elas civilizam ou barbarizam? Tantas escolhas ao alcance das mãos, muita coisa pra comer, pra vestir, para se ter, se entreter, mas são sociedades de fundamentos frágeis, valores mesquinhos, escolhas estéreis! O essencial da vida - nossa faculdade de sonhar e compartilhar, de nos socorrer e amar - ninguém viu, ninguém vê, posto que ausente!

A vida é mesmo assim, insípida. Você segue a correnteza, acomoda-se às conveniências, se ajoelha ao status quo, ao establishment, se vende, se cala... Mas, será isto viver, será isto o homem, será isto a vida?

A vida é mesmo assim, contraditória. O justo e o injusto, a paz e a guerra, o bem e o mal. Tantos dilemas nos levando para junto do caos e para longe da glória!

A vida é mesmo assim, imperfeita. Por mais que tentemos melhorar, esforçadamente, nem tudo se aprimora ou chega a bom termo, nem tudo se apruma, se ajeita!

A vida é mesmo assim, pequena. Falta sempre alguma coisa. E se nos motivamos a procurá-la, ela, escorregadia, escapa-nos por entre os dedos. Sempre passando vontade, num eterno estado de necessidade. Se já conquistamos, perdemos. Se já sabíamos, esquecemos... Até o dia - penumbroso ou aliviante? - que saímos de cena!

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