Jesus, criança diáfana, criança iluminada,
És sol para as noites da minha esperança;
És a fortaleza que me apazígua e descansa;
Ainda maior que o colo da mulher amada!
Jesus, tu que semeaste o dia em nossas vidas,
Inventando a paz e a irmandade humana;
Dissipando a treva e as ilusões mundanas;
Fazendo outra vez encontro as despedidas...
E que ainda padeceste, traído e humilhado,
E perdoaste aos que te haviam ultrajado,
Ensina-me meu Jesus amado, o amor, o perdão.
E se nosso celestial pai não existir, porventura;
E a realidade do homem for trágica e escura;
Pelo exemplo, maior serás em meu coração!
Recordando o Nazareno, chorei.
Amei-o como antes não havia conseguido,
Pois minha raiva não o havia permitido,
Não estava pronto para ele. Indaguei,
Pálido de temor, a meu coração exilado:
Serei soldado do que há de pior no mundo;
Terei enterrado os bons sentimentos no fundo
Do peito, que degenerou, petrificou, aviltado?
Que desinteressado ato de amor produzi?
Que gesto de perdão, de união, espargi?
Não devo invocá-lo se não sou digno dele...
Reconfortantes palavras e benfazejas ações,
Que transbordem de amor nossos corações,
É o caminho único para chegarmos a ele!