Coração
louco, pulsando descompassadamente, sem decifrar o que sente, coração de homem
feito refém do assustado menino de outrora, o menino subjugando o homem de
agora
Aventuras
tamanhas, desventuras tamanhas, e um coração tão frágil, cheio de melindres, de
poucas ousadias, de poucas esperanças, coração de soldado vencido, entregue às
mãos do carrasco, na marcha para longos anos de esquecimento
Um
coração sem rumo ou propósito, pulsando à toa, triste depósito de amarguras,
duras são as horas que o coração pulsa solitário, por causa nenhuma, por
ninguém, na espiral de emoções conflituosas, afogando-se nas intempéries das
próprias idiossincrasias
Coração
selvagem, incivilizado, companheiro das altas solidões, dos duradouros
silêncios, da rústica simplicidade, coração meio de bicho, esgueirando-se,
escondendo-se nas matas da selva de pedra da civilização, dividido entre o
chamado da natureza e a beleza do discurso e os encantamentos da palavra
Coração
selvagem, mas, contraditoriamente, melodramático também, sentimental coração
latino-americano, asfixiado nas paixões clandestinas que inventa para si
Coração,
meu arredio coração, ainda na ignorância de si mesmo, na escuridão que incautamente
teceu para si, na escuridão e na ignorância, pulsando, pulsando descompassadamente,
tão pouco coração e tanta vida!
Nenhum comentário:
Postar um comentário