domingo, 5 de julho de 2015

ANTAGONISMOS(?), por Tádzio Nanan


O sonho alimenta a alma; com as cores da esperança pincela o futuro. O braço alimenta o corpo; de sol a sol, edifica o presente.
A razão segue decifrando o sentido das coisas. Já a emoção inventa outros sentidos: Deus, utopia, felicidade, arte, superação; ideias que nos mantêm ativos e resilientes.
O sábio em mim -estranhamente- não quer traduzir o Mistério, quer suavemente deslizar em suas ondas; o tolo em mim, ingênuo passageiro das horas, andarilho sem destino, anseia o riso fácil, a conversa despretensiosa, o existir sem regras ou resultados; não quer saber do Mistério: quer cama e mesa.
O instinto recorda-me de meus pressupostos biológicos, do sistema operacional que faz rodar minha máquina orgânica; já a cultura em mim é o refinamento do projeto humano, imaginado por nosso coração oceânico e nossa inteligência infatigável.
O ego em mim sou eu centro do universo, alienado em minha dor e alegria, concentrando tudo em si: black hole sentimental e pensante. O desapego em mim é a gente do mundo pulsando em meu peito, povoando minha mente; é o Nazareno a convocar-me para a revolucionária missão do Amor.
O corpo: ponte e abismo; encontro e saudade. A alma: sonho(vão?) de perfeição moral na Terra e bem-aventurança no Céu.


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