terça-feira, 14 de julho de 2015

INVENTAR, por Tádzio Nanan


Inventar a vida, com intrepidez e criatividade
Para aliviar o peso do passar das horas na consciência.
Inventar a verdade com as mentiras da religião, da ciência,
Para a dúvida não nos furtar a tranquilidade.

Inventar deus, na aflitiva busca por sentido,
Para que tudo seja explicado, e o caos aplacado.
Inventar cristo, inventar o amor, inventar o cuidado
Para o coração selvagem chorar, condoído.

Inventar o livre-arbítrio para se destacar à natureza:
O sonho da autodeterminação, da vontade soberana.
Inventar a razão para se opor à percepção que engana;
Para que a chama do progresso continue acesa.

Inventar a utopia para alimentar a crença no futuro,
Para manter os homens unidos pelo ideal da salvação.
Inventar a paz para conflitos que nunca terão solução;
Inventar a sabedoria para se opor ao nosso lado escuro.

Inventar a civilização para que um por cento de nós enriqueça.
Inventar a normalidade para a maioria sossegadamente oprimir.
Inventar a felicidade pra gente casar, ter filho, laborar, consumir.
Inventar a esperança para que o desespero jamais prevaleça.

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