Antes que o grande sono desça sobre mim e de meus lençóis costure
uma mortalha, visto-me à luta, dispo-me à vida, exalto minha lida.
Antes de extinto o vigor dos músculos e das perguntas no
inevitável funeral da minha fé, sequestro o fogo divino, descontraio a mente
tímida, desarrumando lógicas.
Até que deserto me tome as veias, meu coração seja máquina
sem pulsar, catalogo dúvidas. Espantem-se homens, sonhem absurdos; deixem que
rasgue o peito a voz selvagem, que rasgue a alma, fira, rompa essa voragem; abri
passagem à alquimia humana, transmutando sangue em sonho, corpo em espaço,
mente em braço.
Antes que nuvens me escureçam a paisagem, fazendo chover
meus olhos, embarco rumo ao oriente íntimo. Minhas mãos regam o sol; nos olhos,
furibundos ventos: promessa de novos tempos!
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