sábado, 4 de maio de 2019

PARA ARTHUR RIMBAUD, por tdzn



O desregrar-se: tua mira,
Alvo só por ti subjugado.
Foste um recriar-se dia a dia,
Recriando-se te fizeste mito raro.

Dos poltrões acentuaste a hipocrisia,
De outros, a candente invídia temperaste.
Qual ventre ornou-te de ousadias,
Mas descuidou-se das arestas aparar-te?

Anjo & demônio, belo torto,
Bateau ivre em amores puros e violentos.
Visionário do sol, em longes mares absorto,
Precursor de ignotas estradas e alentos.

De poder impossíveis, tu brincaste,
E os fez, avidamente, timoneiro-mor.
Sobre os alvos pés a poesia dobraste,
Que, em tua alma ébria, foi maior.

Ainda precoce imberbe (fugaz fulgir),
Cansaste do vigor dos versos singulares,
Abandonando órfã a poesia, a desflorir.
Arte, pátria, amor não eram mais teus lares.

Urgia da ágil sina provar os mil sabores,
E assim andarilho, traficante, hippie pioneiro.
O mundo te perdeu, tu te perdeste alhures,
Dormindo para repousar no Olimpo, altaneiro!

Nenhum comentário:

Postar um comentário