A justificação
moral-ideológica do capitalismo é simples: ele se proclama, e há
uma boa chance de isto ser verdadeiro, o melhor sistema
sócioeconômico para alocar recursos escassos e produzir riqueza
material e desenvolvimento tecnológico. Mas é razoável e
plenamente possível pensarmos num sistema sócioeconômico
alternativo, onde os aspectos econômicos sejam menos preponderantes
que os demais aspectos da vida. Numa outra forma de organizarmos a
vida social e econômica humana poderíamos até ser menos ricos, ter
menos escolhas de consumo, e talvez até mesmo um desenvolvimento
científico e tecnológico mais lento (argumento este que considero
questionável), mas seríamos todos mais saudáveis, mais pacíficos
e “pacificados”, mais plenos e felizes, dando valor ao que
realmente tem importância na vida: nossa relação conosco mesmo,
com os outros e com a divindade imanente.
É possível
que a propriedade privada seja melhor alocadora de recursos que a
propriedade coletiva? É possível. É possível que a ausência do
mecanismo de mercado e do sistema de preços resulte em certa
ineficiência econômica (alocação não-ótima de recursos)? É
possível. É possível que a ausência do instituto do lucro
monetário dificulte a geração de inovações tecnológicas? É
possível. Mas talvez este seja o preço a pagar por escolher uma
civilização onde o progresso tecnológico não se transforme em
desemprego (desemprego estrutural), mas em tempo livre; onde o
trabalho e o consumo são atividades conscientes, não alienadas e
predatórias; onde a individualidade cresce enquanto o individualismo
diminue; onde a ética se agiganta e o lucro monetário desvanece;
onde a cooperação toma o lugar da competição patológica de todos
contra todos; onde a boa natureza humana é premiada e a má,
“sublimada”; onde a equidade destrona a desigualdade, a miséria,
a fome; onde o pragmatismo antiético do econômico cede lugar à
beleza e profundidade da filosofia e da política (esta última
entendida como a arte de produzir o bem-comum); onde o excedente
econômico não é apropriado por uma minoria cínica, mas dividido
em prol de todos.
No fim, é uma
escolha simples: aparência versus essência; trabalho & consumo
versus tempo livre & relacionamentos saudáveis; vaidade,
ganância e exibicionismo versus saúde, felicidade e paz!
Pense sobre
isso!
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