Parido
na luz, abortado da treva
Tão
grandioso e tão apto à vilania
Fui
soldado do amor e do ódio
Desci
à lama, subi ao pódio
Nesta
contraditória senda que me guia...
Filho
da dúvida, inventor de certezas
Sigo
na vida como bêbedo, cambaleante
Forte
feito sonho, frágil feito o medo
Frequentemente
triste, outras vezes ledo
Nesta
dicotomia infernal e nauseante...
Fui
herói, fui bandido
De
um roteiro confuso, tortuoso
Por
mim mesmo escrito, a riso e pranto
E
pelo acaso, esse eternal espanto
Da
trama da vida, maquinador gasoso...
Mas
a cruz não é particular: é do Homem
E
não é justamente o que vale a pena: o paradoxo?
A
contradição: marca da nossa linhagem
O
horror, outrossim a glória desta viagem
Desta
nossa gente de ideais heterodoxos...
Mas
a cruz não é particular: é do Homem
Por
quanto tempo mais? Por pouco, creio
O
futuro espreita com a bocarra aberta
E
nos engolirá a todos – é só um alerta
Inútil;
pois o Homem não é fim, é meio!
Nenhum comentário:
Postar um comentário