segunda-feira, 11 de março de 2013

O HOMEM, por Tádzio Nanan


Parido na luz, abortado da treva
Tão grandioso e tão apto à vilania
Fui soldado do amor e do ódio
Desci à lama, subi ao pódio
Nesta contraditória senda que me guia...

Filho da dúvida, inventor de certezas
Sigo na vida como bêbedo, cambaleante
Forte feito sonho, frágil feito o medo
Frequentemente triste, outras vezes ledo
Nesta dicotomia infernal e nauseante...

Fui herói, fui bandido
De um roteiro confuso, tortuoso
Por mim mesmo escrito, a riso e pranto
E pelo acaso, esse eternal espanto
Da trama da vida, maquinador gasoso...

Mas a cruz não é particular: é do Homem
E não é justamente o que vale a pena: o paradoxo?
A contradição: marca da nossa linhagem
O horror, outrossim a glória desta viagem
Desta nossa gente de ideais heterodoxos...

Mas a cruz não é particular: é do Homem
Por quanto tempo mais? Por pouco, creio
O futuro espreita com a bocarra aberta
E nos engolirá a todos – é só um alerta
Inútil; pois o Homem não é fim, é meio!



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