O homem caindo vertiginosamente no abismo das próprias contradições.
Ódios e desigualdades a nos tornar dessemelhantes.
Olhamos uns para os outros e ficamos perplexos: o que será isto? De onde será que isto veio? O que será que isto quer?
Olhamo-nos no espelho e sequer nos reconhecemos mais, tão apartados que estamos da nossa forma essencial, tão deformados que estamos pela doentia ideologia da civilização do poder e do dinheiro.
Nossos medos e frustrações nos afastam mais e mais uns dos outros. Nossa raiva e ignorância nos separam mais e mais uns dos outros. E de tão separados é como se vivêssemos em mundos diferentes, ou mesmo opostos.
A religião, a economia, a política deveriam nos unir, mas só nos dividem. E precisamos delas para resolver nossos problemas comuns. Mas talvez tenhamos de reformulá-las, fazê-las funcionar de uma outra maneira, mais racional, democrática, transparente e ética.
A tecnologia, válvula de escape hodierna, é o parque de diversão de um homem egocêntrico e alienado, vidrado em algo que é parte insignificante, enquanto esquece o todo complexo e fundamental.
O que pode o gesto contra tiros e explosões?
O que pode a palavra entre surdos e brutos?
O que pode a delicadeza na civilização da força?
Não podemos concertar sem antes consertar nossas mentes e corações, nossas ideias e ideais, nossas democracias e economias.
Em meio ao caos instalado, o refúgio mais frequente é orar a um deus idiota ou comprar compulsivamente, desavergonhadamente (aqueles que podem), mas isto nada resolve. Nem para os que se dedicam a tal falaciosa tarefa, nem para o restante de nós.
Então é isso o que nos tornamos: covardes tentando nos esconder enquanto a noite se alastra e cai sobre a Terra?
Tudo está contra nós: a economia (o 1% mais rico já possui mais da metade da riqueza do mundo); a política (corrompida em sua relação espúria com o poder econômico); o clima (dois graus, ou mais, de aumento da temperatura média da Terra).
A ação é urgente, pois o homem chora, mortalmente ferido (refém de uma guerra fratricida).
Aonde isto vai parar? No agora. Paralisa, impotência, desespero, o caos no qual estamos submergidos.
Será que você começa a perceber que o modelo de civilização que criamos não atende à paz, à justiça, à sustentabilidade, à comunhão universal?
Será que você começa a perceber que é preciso sonhar com mais, ir além do que já foi feito e pensado?
A utopia talvez não existe, já a distopia... Dê uma olhada a sua volta: ela é coletiva, universal! Precisava ser desta forma? Não! Tenho certeza que existem outros caminhos a trilhar. Mas é preciso ter coragem.
Hora de reflexão e silêncio!
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