segunda-feira, 24 de agosto de 2015
UM POETA, por Tádzio Nanan
Um poeta respirando a palavra, nutrindo-se da linguagem, habitando o sentido, paramentado de figuras de estilo e argumentos. Ousar a poesia é o sonho que ele corajosamente inventou para si. Escrever é seu heroico ato de resistência; é sua declaração de amor à vida, ao mundo; é sua irreprimível forma de existir.
Um poeta cantando todas as nuances da existência, a luz, a treva, os opostos do mundo, às vezes, com versos singelos de fazer rir, outras vezes, com pungentes versos de maltratar o coração, mas sempre com versos de transbordante verdade (a sua particular verdade), para que acusem seu texto de tudo -superficial? medíocre?- mas nunca de tíbio, morno, sem intensidade.
Um poeta investigando temas abissais, singrando mares quase nunca desbravados, a bordo da mística nau da intuição; ele não escreve porque sabe: é na construção do poema que a luz acontece, quando a esfera do extrassensorial abre suas portas e a alma do poeta se ilumina e pesca a exata palavra, o profundo sentido, e o mundo se descortina como revelação.
Um poeta versejando sua dor para que ela floresça em canteiros de arte e beleza; para que o homem que habita o poeta prossiga esperanças cultivando; ele pode morrer mil vezes (estas nossas mortes cotidianas...), mas sempre renasce, e renasce sonhando; dissolva o caos, horrorize a guerra, nada lhe amedronta ou o faz recuar se no solo uma flor resistir brotando.
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