segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
A REDOMA, por Tádzio Nanan
Na redoma não há permuta de ideias e sentimentos; palavras e afetos aqui não chegam, daqui não partem.
(Vem Penélope, enquanto nossos corações ardem...)
Sob sua vil influência, o afã pela vida é esperança natimorta.
(Às vezes, o mais difícil é passar a soleira da porta...)
De quando em quando, furiosamente a golpeio, numa tentativa de afirmar meus desejos; a redoma treme, estilhaça, mas logo se refaz, mais poderosa.
(Saudades dos sonhos juvenis e das amantes pressurosas...)
Dentro dela, minhas palavras perdem a força vital que as mantem vibrando no ar, e caem no esquecimento.
(Natureza, sol, vento, tragam-me algum alento...)
No vácuo entre a redoma e o mundo, não ouço o chamado da vida, não sinto a urgência das horas. Os espaços se estreitam, o tempo é suspenso, a realidade evapora. O impulso é ceder e calar.
(Ar, ar, amor, amar...)
O mundo é apenas miragem, sem a linguagem.
(Ah, voltar a ser selvagem...)
A redoma é entidade vetusta, misteriosa, quiçá indecifrável.
Estarei dentro dela? Ou ela estará dentro de mim?
(A redoma é meu coma, mas não será meu fim!)
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