Eu que me
recusei a caminhar, a construir pontes
Abortei o
futuro, erigi um presente repleto de ontens
Que
contemporizei, recuei, me escondi, engoli a palavra
Nada tendo germinado
da minha lida, da minha lavra
Que busquei tanta
coisa, sem conseguir decompor suas substâncias
Levarei ao
infinito esta dúvida, esta dor, esta ânsia
Que
desacreditei de mim, do Homem, do porvir, imerso num vazio selvagem
Curvei-me ao
medo e com ele fiz laços eternos de vassalagem
(me
inquirindo ao espelho)
E tu que
atravessarias oceanos, desertos, continentes
A ver o novo
e o belo, a viver profundamente o que sentes
Que serias
profeta, poeta, filósofo, perguntas espraiando
Que a única
certeza é a de morrer e estar amando
Que com
coragem prometeica ornarias com glória teu sobrenome
Satisfazendo
o desejo por imortalidade, este sonho, esta fome
Que de posse
dos argumentos exatos conduzirias o povo
À revolução
das flores, que traria a primavera do novo
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