sábado, 31 de maio de 2014

RUA J.B, 1897, por Tádzio Nanan


No jardim, ecos de conversações passadas
De tempos de mais sossego e inocência
Discussões, jogos, pileques, cantadas
O despertar dos corações e das consciências

Foi porto recebendo estrangeiros e viajantes
Portal para novas dimensões e energias
Um tugúrio para tímidos virginais amantes
Um refúgio para as artes e filosofias

Foi um forte protegido por afeto e delicadeza
Anos a perder de vista, até que o ciclo encerrou-se
O ar ficou carregado de estupor, de tristeza
Aquela atmosfera alegre e suave esgotou-se

Foi o próprio destino que quis assim
Os dias passavam dormentes, sombrios
Parecia que já estava decretado o fim:
A casa dos olhares e corações frios!

A sala foi ficando mais escura e vazia
As horas, melancólicas, todas iguais
Tão tristes estações, tão longos dias
O silêncio das ausências e a dor dos ais

Mas outra vez o destino age em nossa história
Um perfume no ar anuncia outra primavera
O vento traz um assobio de plenitude, de vitória
A glória de outra idílica e inolvidável era!

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